Essência Segura

Ligada ao desenvolvimento de aroma e fragrâncias, a IFF demandou um programa singular, pois sua equipe de criação está longe de ser um tipo convencional de artista. Composta por aromistas e perfumistas com o olfato e paladar pra lá de aguçado, a equipe é capaz de criar verdadeiros best Sellers do mundo dos cheiros e sabores – todos patenteados e muito bem guardados.
Com cerca de 180 funcionários e colaboradores, a multinacional norte-americana possui clientes como Unilever, Natura, Boticário e Avon. A missão de traduzir as necessidades diferenciadas no novo projeto do Centro de Criatividade ficou a cargo do escritório de arquitetura Roberto Loeb Associados, que precisou de quase cinco anos para concretizar a obra.
A edificação é dividida em dois braços ligados aos departamentos de administração e vendas: o de aromas e o de fragrâncias. Os aromas podem ser ingeridos e são utilizados em comidas, as fragrâncias por sua vez, são utilizadas principalmente em cosmésticos.
O primeiro desafio de Loeb foi auxiliar o ciente na escolha do terreno, o local deveria ter o ar puríssimo, para que o prédio não estivesse suscetível a odores externos. Determinado o lote em declive, com fundos para uma reserva florestal, o próximo passo foi equacionar a distribuição dos ambientes, de modo que cada braço funcionasse de forma independente. Porém, que pudesse se contatar quando necessário.
A proposta de Loeb levou em conta a geografia e evitou grandes movimentações de terra. A caída do terreno é vencida com colunas em um quase-pilotis, que abrigam um jardim e sustentam a edificação, que recebeu fundação de estacas.
Conforme exigência do programa, o projeto desenvolveu-se na horizontal: no centro um volume arredondado que fixa os dois setores de pesquisa nas laterais. “Um ancoradouro com duas naves atracadas”, compara o arquiteto.
Uma ponte de madeira reciclada sob o vazio do volume central faz as vezes do acesso principal. O ponto de encontro dos funcionários fica por conta da circulação vertical, onde estão as áreas de convívio e uma escada caracol que se desenrola em três níveis.
“O interior de cada espaço recebeu tratamento especial, de acordo com as exigências do usuário, com os tipos de equipamentos que abriga, com a incidência de luz, a temperatura”, explicou Loeb. A criatividade do setor de fragrâncias ficou por conta do artista plástico Rodrigo Andrade, que explorou o ambiente através de intervenções de vinil colorido; já a área de aromas é mais contida, de madeira e cerâmica. Como resultado, os espaços são únicos e personalizados, estimulando a criatividade dos profissionais, além de retratar a identidade da empresa.
De vidro e concreto moldado in loco, masseado e pintado com tinta látex, o design do edifício se destaca por uma iluminação elaborada, responsabilidade de Guinter Parschalk, do Studio IX. Loeb ainda explica, “A luz azul remete ao frescor e a frieza do perfume; e a laranja ao gosto, o aroma, o calor dos alimentos”.
Alvenaria de blocos forma as paredes estruturais, e divisórias de drywall dividem o interior. A fachada marcada pelos panos de vidro foi uniformizada com tela metálica perfurada, que também cumpre a função de controlar a entrada de calor, o que evita o desperdício de energia com ar- condicionado.
A ventilação é compartimentada para que haja total controle de cada sala, pois nelas acontecem os experimentos dos aromas. “É sofisticadíssima, não há troca de ar de um ambiente para outro”, afirma o arquiteto.
Texto adaptado da revista aU – Agosto de 2009